Quando falamos em Sigmund Freud, automaticamente pensamos em Psicanálise. Isso porque o médico austríaco é conhecido como seu pai, ou seja, seu fundador e criador. Para quem não está habituado ao tema, Psicanálise é um método de tratamento que busca aliviar o sofrimento psíquico das pessoas. E através deste método, todo um corpo teórico foi criado. Quem criou o método e produziu o maior corpo teórico do qual a psicanálise se baseia foi Freud.
Dando um passo além nesta associações, verificamos que não é possível falar em Psicanálise sem falar do Inconsciente. Isso porque podemos dizer que a psicanálise tem por objeto de pesquisa o incosciente. Muitos falam que o incosciente foi um dos maiores achados teóricos do século XX. Hoje eu queria observar o processo através de um outro prisma, que acaba sendo esquecido ao pensar nesta questão. Isso porque antes mesmo de descrever e sistematizar o Inconsciente, e mostrar como este inconsciente afeta nossas vidas de forma tão intensa, ele fez uma pergunta fundamental: por que o Inconsciente existe?
Boas perguntas muitas vezes valem mais do que muitas respostas. E esta é uma pergunta excelente feita por Freud. Isso porque a sua resposta é bem simples, mas possui implicações diversas e bastante complexas. E a resposta simples que ele chegou foi: nós não queremos lidar com este conteúdo inconsciente.
Falando assim parece que a questão se trata de uma escolha. Não deixa de ser verdade, mas as escolhas aqui feitas são... incosncientes. Ou seja, não se trata de uma escolha que você faz de forma pensada, mas em momentos específicos em que a pessoa é colocara diante desta escolha. Assim, ao ter que lidar com certos conteúdos, escolhemos inconscientemente outros caminhos. E por isso, tais conteúdos se tornam inconscientes.
Claro que a questão é mais complexa, porém o ponto aqui é que Freud percebe que temos inconsciente pois resistimos a ele. Não queremos saber dessas coisas. O nosso problema é que é impossível deixarmos de saber aquilo que já sabemos. Continuamos sabendo, mas de forma incosciente. Eu sei que ficou confuso, vou tentar simplificar: o resultado de resistir a esse conteúdo (ligados a um trauma, mas isso é papo pra outro texto), é que nos tornamos divididos entre um saber que conseguimos acessar (consciente) e um saber que não temos acesso (inconsciente).
Mas por que eu dei tanta ênfase a está resistência que funda o inconsciente? (Uma observação, eu poderia usar o termo recalque, mas utilizo resistência aqui para deixar a leitura mais simples. Sigamos). Isso porque está resistência precisa ser feita de forma constante, pois do outro lado temos este conteúdo inconsciente querendo se tornar consciente. Mas se ele é impossível de ser consciente, como faremos para lidar com ele, já que ele influencia de diversas formas nossas vidas? Esse é um pulo do gato que Freud percebeu: está resistência de tempos em tempos falha. E estas falhasse apresentou de diversas formas: atos falhos, sonhos, sintomas e no jogo de palavras (como os chistes).
O que todos tem em comum é que eles ocorrem normalmente na fala. Assim, falar de forma o mais livre possível faz com que nós nós "traímos". Ou seja, falamos aquilo que não queríamos. Por isso, o método psicanalítico tem como característica está fala livre. O termo técnico é associação livre.
A cura pela fala, aposta que Freud fez através da psicanálise também pode ser pensado em outros lugares fora da clínica tradicional. É importante dizer que a fala em Psicanálise possui um local privilegiado e específico. Isso porque a Psicanálise se baseia numa relação da qual o analisante (esse é o nome dado a quem realiza sua análise pessoal) passa a ser aquele que se assenhora de sua própria fala. Não só sua prática de baseia nessa relação, mas sua teoria tem origem na mesma. Não atoa, a teoria psicanalista surge da clínica e na clínica, e não antes dela. Isso quer dizer o seguinte: Não é o terapeuta que chegará com um conhecimento prévio sobre seu paciente e entregará para ele este conhecinento. Não. Em psicanálise, este conhecinento é produzido pelo paciente na clínica. Assim, inverte-se a relação da produção do saber. Ou seja: a chave principal da aposta da psicanálise é uma - A fala - seja por aquilo que se fala, como se fala, e o que se deixa de falar.
Isso é importante, pois se a pergunta principal é "por que existem forças que agem para deixar algo inconsciente", e se este algo está agindo na pessoa que possui este inconsciente, o saber sobre ele irá surgir através da pessoa. Como? Pela fala. Por mais que existam estar forças que agem para manter este conteúdo inconsciente, também há uma força para que este conteúdo consiga burlar está barreira. E de vez em quando, a barreira falha, e vemos de forma indireta o inconsciente se manifestar. Falar é a melhor forma de "driblar" está barreira. Falar da forma mais livre possível. Pela fala, lidamos com isso que resiste, e aquilo que é resistido. Está é a aposta de Freud. A aposta da psicanálise.
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