Pesquisa em Psicanálise?
O Tempo
em Psicanálise
Dentro do Programa de Pós-Graduação no curso de Mestrado Multidisciplinar em Psicanálise, Saúde e Sociedade na Universidade Veiga de Almeida, realizo pesquisa com o tema "Aceleração do tempo na atualidade e outras possibilidades".
Abaixo apresento alguns elementos de minha pesquisa.
Palavras Chaves: psicanálise, ética, tempo, desejo.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0052388877599784
Autores
da pesquisa
Sigmund Freud
(1856-1939)
Como pai da Psicanálise, o papel de Freud na pesquisa se faz fundamental, pois sua concepção de inconsciente abre espaço para a compreensão de um tempo que não seja o da Consciência, aqui definido como cronológico. Ao apontar que o Inconsciente é atemporal, e por nos mostrar o funcionamento do inconsciente em outra temporalidade, abre caminho para leitura de um tempo do inconsciente, que não seria linear e tão pouco externo ao sujeito.
Jacques Lacan
(1901-1981)
Em sua proposta de retorno a Freud, Lacan apresenta novos argumentos para os conceitos Freudianos. Aqui, damos destaque a definição de inconsciente estruturado como uma linguagem, onde este se caracterizaria por movimentos de abertura e fechamento, numa pulsação temporal. Também o tempo lógico e os três registros RSI são de importância nesta pesquisa. Sua definição do inconsciente como ético define os parâmetros de posição da psicanálise em relação ao tempo acelerado da atualidade.
Michel Foucault
(1926-1984)
Grande estudioso das dinâmicas de poder, Foucault nos serve nesta pesquisa em dois momentos distintos. Primeiro, ao buscarmos uma resposta na ética da psicanálise, com Foucault entendemos como a dinâmica saber-poder possibilita práticas de resistência onde a psicanálise surge como possibilidade diante uma ética do consumo. Num segundo momento, a prática do cuidado de si como possibilidade ética/política de estar no mundo diante a aceleração sem fim da atualidade.
Gilles Deleuze
(1925-1985)
Assim como Foucault, o filósofo francês nos serve em dois momentos distintos. Na leitura sobre as mudanças da dinâmica de poder, sua tese da sociedade de controle nos serve de compreensão da organização social na atualidade. Já em Diferença e Repetição, encontramos nas três sínteses do tempo uma possibilidade de compreensão do tempo do inconsciente como um tempo de memória, que nos indica para o vazio do ato psicanalítico para um terceiro tempo, onde o novo pode emergir.
Guy Debord
(1931-1994)
Dentro de uma genealogia da atualidade, a tese da Sociedade do Espetáculo nos serve para entender o papel do imaginário nas relações sociais e na formação de uma ética do consumo que anule a subjetividade em suas contradições, produzindo sujeitos separados, isolados, em que temos apenas pseudoexperiências, já que a imagem do espetáculo substitui tudo o que existe.
Walter Benjamin
(1892-1940)
Em Benjamin trabalhamos o conceito de experiência e sua relação com a repetição, onde, associando a perda da qualidade na sociedade do espetáculo, entendemos como a experiência perde espaço em nome de uma dinâmica da reprodução, ao contrário da repetição da qual a psicanálise se utiliza para colher os restos da fala.
Joel Birman
(1846- )
Os estudos de Birman sobre o sujeito contemporâneo nos ajuda a compreenderas formas de sofrimento na atualidade através do conceito de despossessão de si e vazio da experiência, além das formas como a relação com a linguagem se transformam e produzem sujeitos que não são capazes de fazer frente as demandas da atualidade.
Byung-Chul Han
(1856- )
Em Han focamos em sua crítica à sociedade do cansaço, focando na tese do excesso de positividade na atualidade que produz uma hiperatividade passiva. A negatividade entra como ponto fundamental da ética da psicanálise que aponta para a castração e o vazio.
Conceitos
da pesquisa
Ética da Psicanálise
Lacan define a psicanálise como uma ética. Isso é possível de se observar em como Freud aponta em "Mal-Estar da Civilização" o papel da moral civilizatória no mal estar. Esta ética, para Lacan, estaria caracterizada por não abrir mão de seu desejo. Isso coloca o sujeito em relação a falta, à castração, que em nossa pesquisa se relaciona com o tempo do inconsciente, onde este tempo é necessário para que o inconsciente se manifeste, ao mesmo tempo que é a própria ética que produz este tempo do inconsciente.
Ética do Consumo
O que se produz como uma ética na sociedade do espetáculo é a ética do consumo, onde a aceleração dos sujeito os colocam como espectadores diante do espetáculo, adquirindo comportamento pre-reflexivo, já que o espetáculo como ideologia esconde as contradições que produzem o sujeito. No consumo de imagens, cada um encontra sua ética, que ignora a falta, e assim o outro, produzindo a aceleração no estar no mundo, seja consumindo, trabalhando, criando ou até descansando.
Tempo do Inconsciente
Quando Freud afirma que a temporalidade é do campo da consciência, e assim aponta o inconsciente como atemporal, entendemos que este tempo a que Freud se refere diz respeito ao tempo cronológico: um tempo formal, linear e externo ao sujeito. O que se define como atemporal por Freud interpretamos como outra temporalidade. Pegando a segunda síntese do tempo de Deleuze, entendemos o tempo do inconsciente como o da memória, o tempo que faz passar, que é a priori, e que produz circularidades.